terça-feira, outubro 06, 2009

Denegação do direito à cividade

Vamos voltar às urnas no próximo fim-de-semana, desta vez para elegermos os nossos representantes autárquicos.
A amiga Helena Roseta decidiu integrar as listas do PS para a autarquia de Lisboa, por razões ideológicas e financeiras.
É a mesma pessoa que há dois anos teve a ousadia de sair do PS para liderar um movimento independente de cidadãos, tendo ganho 10,2% dos votos dos lisboetas e dois vereadores sem pelouro.
É a mesma pessoa que agora assume uma decisão de alto risco político que requer coragem e nos deve merecer alguma compreensão.
Racionalmente sabemos que a posição ideológica do representante eleito, de esquerda ou de direita, não constitui uma premissa fundamental para bem gerir uma cidade.
Não está em causa nenhum valor essencial de esquerda nem de direita para regular o lixo, o trânsito, o urbanismo e o património da cidade. A Helena Roseta tem uma opinião oposta.
Contudo, as razões de ordem financeira são bastante fortes sobretudo num país avesso a movimentos sociais, onde são raros os cidadãos dispostos a pagar para ter outras políticas. A dívida ainda existente da anterior campanha autárquica foi assumida a título pessoal pela Helena Roseta.
Para além destes obstáculos, temos de lidar com a arrogância monopolista da representatividade partidária. Quem decide o que é a soberania do povo são os partidos políticos.
A legislação é feita de forma a retirar qualquer veleidade aos cidadãos de se candidatarem às eleições autárquicas. Apesar do seu peso eleitoral, os movimentos de cidadãos não têm direito à subvenção estatal conferida aos partidos políticos.
O governo da cidade é actualmente uma coutada de patrícios da causa pública baseado na denegação dos direitos legítimos dos munícipes, reduzindo-os ao silêncio de figurantes.
Não nos é possível votar nominalmente naquele ou naquela pessoa que gostaríamos que nos representasse e é pena. Se isso fosse possível, a Helena Roseta obteria mais votos em Lisboa que o Dr. António Costa.
Nessa impossibilidade só me resta votar condicionalmente no PS, com a certeza que a Helena Roseta continua a ser a mesma pessoa, com a mesma coragem e a mesma ousadia política que lhe conhecemos.
E também com a esperança de ver reduzir o nº de vítimas dos programas de urbanização, de iluminados urbanizadores, imersos numa teia de corrupção endémica.