segunda-feira, outubro 13, 2008

O Estado fiador e garante dos fora-da-lei

Desde há muito que tomei consciência que a partir do tão distinto princípio do verbo, desta secular e culta Humanitas Europa, o construído corolário democracia poderia em breve ter os dias contados.
Agora tornou-se evidente com a crise financeira nos mercados livres.
Durante décadas o Estado e os nossos representantes eleitos fecharam os olhos às actividades lucrativas baseadas na pura especulação, por necessidade existencial.
Foram eleitos para legislar e governar a sociedade com regras que eliminassem as injustiças, as prepotências e protegessem os mais fracos. Agora agem ao sabor de um mercado financeiro sem regras.
O Estado passou a proteger os fora-da-lei.
É insustentável. É a anarquia institucionalizada.
Quando o Estado decide tornar-se o fiador e garante de actividades desreguladas, de alto risco, então, é o próprio Estado que assassina a democracia. Isto tem um preço político.
Agora sabem, porque também já se tornou evidente para 500 milhões de contribuintes europeus, que continuar a garantir o sustento financeiro dos fora-da-lei, pode conduzir os políticos à grelhe tórrida do cogumelo explosivo dos famintos. E não lhe chamem populismo. É a realidade.
Como diriam os alentejanos, as coisas são como são.
Ainda um dia nos terão de explicar qual o papel da Goldman Sachs e da Stanley Morgan neste efeito “dominó” de descrédito na banca.
Qual foi o custo, quem pagou e porque razão houve uma transformação daquelas duas instituições, de bancos financeiros a bancos comerciais, nas vésperas do grande crash financeiro de Setembro de 2008.
Qual o papel do senhor Secretário do Tesouro americano, o tal filho de Paul (Paulson) e do senhor da Reserva Federal, o tal filho de S. (Ben S. Bernanke) e de outras tantas boas famílias da Wall Street neste processo de descrédito bancário.
Visto não existir nenhum buraco negro que engula o dinheiro, para onde foram parar as várias centenas de mil de milhões (10^9) de euros e dólares que oleavam os administradores e os mercados mundiais?
Somos agora nós, contribuintes europeus, que teremos de nos preocupar como accionistas forçados de um mercado esvaziado de valores?